Foto: Deise Froelich/Emater-RS
Victor Faverin
O Sul do Brasil teve um inverno menos rigoroso, o que favoreceu a emergência da soja voluntária. Assim, as folhas da planta carregaram inóculos da doença mais severa da cultura: a ferrugem-asiática.
Além disso, a safra 2023/24 está sob o efeito do El Niño. O fenômeno climático causou maior volume de chuvas, mas intercaladas com longos veranicos nas principais áreas produtoras da oleaginosa.
Essas condições dificultaram o estabelecimento da soja, levando ao atraso na semeadura. Causou, ainda, necessidade de replantio em diversas áreas produtoras, como em Mato Grosso e na Bahia.
De acordo com a Embrapa Soja, esse cenário explica o grande aumento de casos do problema. Segundo o Consórcio Antiferrugem, até o final de 2023 foram reportadas 130 ocorrências da doença na soja.
Para efeito de comparação, o número é 490,9% superior ao mesmo período de 2022, quando apenas 22 registros de ferrugem-asiática foram feitos.
A safra 2022/23 de soja terminou com 295 casos, com os últimos reportes sendo feitos em abril de 2023.
Se a tendência do atual ciclo continuar, o número de casos do atual ciclo deve se aproximar do obtido em 2020/21, quando 573 ocorrências foram computadas – a maior incidência das últimas cinco temporadas.
Atualmente, os casos estão espalhados em seis estados:
Paraná: 90
Rio Grande do Sul: 27
Santa Catarina: 4
Mato Grosso do Sul: 4
São Paulo: 3
Minas Gerais: 2
Contudo, na safra passada, 12 estados tiveram registros, também liderados pelo Paraná, com 83 no total.
Controle da ferrugem-asiática
Coletor de esporos de ferrugem-asiática. Foto: IDR-Paraná
O foco do agricultor deve ser o de adotar a melhor estratégia de manejo de fungicidas, de acordo com o engenheiro agrônomo e gerente de portfólio nacional de fungicidas para soja na Bayer, Carlos Toscano.
Segundo ele, as medidas mais importantes para a redução dos danos da doença são as seguintes:
Usar o sistema de plantio direto com culturas que ajudem a recobrir o solo com palhada;
Respeitar o período de vazio sanitário;
Dentro de um limite agronômico, semear mais cedo para evitar as épocas mais favoráveis às doenças;
Usar produtos químicos ou biológicos preventivamente;
Escolher produtos eficazes, com doses assertivas para controlar as principais doenças da soja, como a ferrugem-asiática, mancha-alvo, mofo-branco e podridão de grãos;
Escolher variedades de soja que possuam mais tolerância a essas doenças;
Uso de ferramentas digitais que contribuem para o monitoramento e controle efetivo nos talhões afetados.
Fonte: Canal Rural