Foto: Mauro Osaki/Cepea

Victor Faverin

Com o avanço da colheita da soja, consultorias e entidades vão refazendo os cálculos sobre o tamanho da safra brasileira em 2023/24.

Devido ao clima irregular, Safras & Mercado e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) cortaram, nesta semana, as suas projeções.

Com isso, as projeções são de que a safra brasileira fique longe das estimativas iniciais, que previam uma colheita acima de 160 milhões de toneladas.

Para a Safras, a produção brasileira de soja deverá totalizar 148,601 milhões de toneladas, com retração de 5,8% sobre a temporada anterior, indicada em 157,83 milhões de toneladas.

Em 9 de fevereiro, data da estimativa anterior, a projeção era de 149,076 milhões de toneladas. A redução sobre a previsão anterior é de 0,32%.

Área de soja semeada
A consultoria indica aumento de 1,6% na área, estimada em 45,41 milhões de hectares. Em 2022/23, o plantio ocupou 44,68 milhões de hectares. O levantamento aponta que a produtividade média deverá passar de 3.550 quilos por hectare (59,1 sacas) para 3.289 quilos (54,8 sacas).

Foram feitos ajustes finos em produtividades médias esperadas para alguns estados, mas sem grandes alterações.

“O avanço da colheita, que já supera metade da área, começa a revelar a realidade das lavouras nos principais estados do país. De uma forma geral, nota-se que as lavouras semeadas mais tardiamente foram beneficiadas por uma maior umidade que atingiu
principalmente o Centro-Norte do país a partir de janeiro”, informa o analista de Safras, Luiz
Fernando Gutierrez Roque.

Segundo ele, esse comportamento levou a uma condição melhor para o desenvolvimento das plantas em Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e estados das regiões Norte e Nordeste.

“Diante disso, o estado de Mato Grosso sofreu um ajuste positivo em sua produtividade média esperada, mesmo que de forma pontual. No lado negativo, destaca-se a redução do potencial produtivo no estado do Paraná devido ao clima irregular. Nos estados das regiões Norte e Nordeste, destaca-se a manutenção do potencial produtivo diante da melhora climática, e abre-se a possibilidade de surpresas positivas nas próximas atualizações”, conclui o analista.

Estimativa Conab
A produção brasileira de soja deverá totalizar 146,86 milhões de toneladas na temporada 2023/24, com recuo de 5% na comparação com a temporada anterior, quando foram colhidas 154,6 milhões de toneladas.

A projeção faz parte do 6º levantamento de acompanhamento da safra brasileira de grãos, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No relatório anterior, a previsão era de safra de 149,4 milhões de toneladas. Houve um corte de 1,7% entre um mês e outro.

A entidade trabalha com uma área de 45,177 milhões de hectares, com elevação de 2,5% sobre o ano anterior, quando foram cultivados 44,080 milhões de hectares. A produtividade está estimada em 3.325 quilos por hectare (55,4 sacas). Em 2022/23, o rendimento ficou em 3.507 quilos por hectare (58,4 sacas), o que representa uma retração de 7,3%.

Instabilidades climáticas na soja

Foto: Pedro Silvestre/ Canal Rural Mato Grosso
Desde o início da presente safra até meados de dezembro, as condições climáticas foram variáveis e desfavoráveis nas principais regiões produtoras. Essas instabilidades climáticas
provocaram perdas significativas na produtividade das culturas, sobretudo na da soja, principal produto cultivado no período.

De acordo com o documento, a queda verificada se deve às baixas precipitações e às temperaturas acima do normal nas principais regiões produtoras. No entanto, em locais em que o grão foi semeado mais tardiamente as precipitações têm favorecido o desenvolvimento das lavouras.

Safra argentina
Na Argentina, a sinalização é oposta e as revisões estão sendo feitas para cima. As regiões Centro e Norte da Argentina receberam chuvas na última semana, melhorando os níveis de
umidade da soja.

Segundo a Bolsa de Buenos Aires, aproximadamente metade das lavouras estão em período crítico do desenvolvimento. A safra do país é projetada em 52,5 milhões de toneladas. As lavouras se dividem da seguinte forma:

Boas: 30%
Médias: 54%
Ruins: 16%
Na semana passada, eram 29%, 54% e 17%, respectivamente. Em igual período do ano passado, 2%, 23% e 75%. O déficit hídrico atinge 23% da área, contra 28% na semana passada e 70% um ano atrás.

A Bolsa de Rosário ajustou ligeiramente sua estimativa de produção de soja para a safra 2023/24 da Argentina, passando de 49,5 milhões de toneladas, em fevereiro, para 50 milhões de toneladas, após as chuvas das últimas semanas.

As precipitações iniciadas em fevereiro melhoraram as condições de enchimento da soja de primeiro ciclo. Para a segunda safra, embora tenham tido um grande impacto, é uma recuperação que em os termos produtivos é limitada, pois as lavouras foram muito afetados.

Fonte: Canal Rural