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Da Redação

Vendas do comércio bateram recorde no primeiro semestre de 2023, impulsionadas pela retração nos preços dos alimentos. Por conta disso, a alimentação em domicílio apresenta perspectiva de registrar deflação pela primeira vez em seis anos. A boa notícia se deve à baixa nos preços de alimentos in natura e carnes, aliada à supersafra brasileira de soja e à relativa normalização do mercado de trigo.

Dados retirados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o comércio varejista cresceu 2,4% no primeiro semestre de 2023. É o maior avanço do setor nesse período desde 2018.

Economistas afirmam que a última vez em que a alimentação no domicílio registrou deflação foi em 2017, quando os preços caíram 4,9%. A projeção para este ano é igualmente otimista, e os especialistas não preveem impacto significativo da guerra entre Rússia e Ucrânia ou do fenômeno climático El Niño no cenário atual.

Os efeitos externos podem gerar eventuais efeitos inflacionários em 2024, mas a inflação dos alimentos deve permanecer historicamente baixa. No ano anterior, a pandemia de Covid-19 e a guerra na Europa resultaram em um aumento de 13,2% nos preços da alimentação em casa, mais que o dobro do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que subiu 5,8% no mesmo período.

No início do ano, a projeção mediana do Boletim Focus, do Banco Central, para a alimentação em casa era de alta de 4,3%, mas na última coleta, caiu para 0,9%. Especialistas consultados pela reportagem do Valor Econômico apresentaram estimativas ainda mais otimistas, com algumas consultorias prevendo ligeira queda ou contração nos preços dos alimentos.

Dentre os produtos que devem registrar deflação em 2023, estão óleos e gorduras, tubérculos, raízes e legumes, carnes e aves/ovos. Além disso, é esperada uma desaceleração expressiva na alta de leites e derivados, panificados, farinhas, massas, hortaliças/verduras e frutas, entre o período de 2022 a 2023.

Contudo, os especialistas alertam que, mesmo com quedas nos preços ou desaceleração, os valores ainda podem continuar elevados para o consumidor final. Isso ocorre porque os preços ao produtor no campo, mais voláteis, são repassados aos alimentos industrializados no atacado e chegam ao varejo com um certo atraso.

Em relação aos preços das carnes, a queda se deu em decorrência do abate de matrizes em 2022 e da redução nos preços das rações, que impactaram positivamente o mercado. Ano passado a pressão gerada pela alta demanda da China pela carne brasileira havia reduzido a oferta interna, gerando um choque “altista” nos preços domésticos, mas a situação foi revertida agora em 2023.

Além disso, a supersafra de soja também contribui para o preço mais baixo do grão, o que tem como consequência a redução nos preços dos óleos e gorduras. E quanto às farinhas, massas e panificados, eles foram beneficiados pela relativa normalização do mercado de trigo, um movimento que, segundo os especialistas, deve continuar ao longo do semestre.

Apesar das boas perspectivas, os analistas consultados não ignoram a possibilidade de que o fenômeno climático El Niño possa afetar os preços do arroz, feijão e trigo a partir do fim deste ano e com mais intensidade em 2024. Contudo, as previsões indicam um cenário positivo e, caso a trajetória de preços baixos seja mantida, o setor alimentício poderá contribuir ainda mais para o crescimento econômico do país e para a melhoria da qualidade de vida da população.

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