O Papa Francisco desembarca em Portugal para participar da JMJ (Jornada Mundial da Juventude) na próxima quarta-feira (2). O líder da Igreja Católica chega ao país ibérico em meio a protestos contra os exorbitantes gastos públicos para a realização do evento.
O governo português gastou 38 milhões de euros, o equivalente a R$ 200 milhões, para garantir a estrutura necessária durante os cinco dias de programação em Lisboa. A prefeitura da capital do país deverá desembolsar valor semelhante — outros R$ 200 milhões.
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Não há números globais nem oficiais divulgados até agora, mas estima-se que a JMJ vá custar cerca de 160 milhões de euros no total, mais de R$ 830 milhões, a maior parte desse valor será bancada pelo Estado português.
Os trabalhadores da área da saúde, educação, segurança e limpeza programam greves para os próximos dias em protesto ao impacto do evento católico aos cofres públicos.
O país vive uma crise econômica que se intensificou após a pandemia de Covid-19. A população enfrenta a maior taxa de inflação dos últimos 30 anos, aumento na taxa de juros e crescimento do desemprego neste ano.
O prefeito de Lisboa, Carlos Moedas, argumenta que a JMJ levará mais de 1 milhão de turistas para Portugal nos próximos cinco dias e que deixará um legado.
abusos de menores
O papa também enfrentará em Portugal cobranças sobre a falta de ação da Igreja Católica nos casos de abusos sexuais contra menores de idade praticados por religiosos.
Nos últimos anos, diversos casos foram descobertos e milhares de vítimas relataram casos de abuso até mesmo em colégios e orfanatos comandados por membros da Igreja.
Os crimes foram praticados não só em Portugal, mas também na França, Espanha, Alemanha, Canadá, EUA, Venezuela, Bolívia, Argentina, Chile e em outros países. A maioria dos casos segue sem punição.
A pressão para que os casos sejam investigados e os responsáveis punidos aumentou após investigações revelarem que a Igreja Católica atuava para encobrir os crimes cometidos por seus membros.
Uma comissão independente divulgou um relatório, no início deste ano, apontando mais de 4.000 casos de pedofilia envolvendo religiosos católicos nos últimos 70 anos em Portugal.
No ano passado, o bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e investigado por suposto acobertamento de abusos sexuais, reconheceu que casos de pedofilia foram ocultados e pediu desculpas às vítimas.