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Henrique Leão Guedes
O zumbido, foco da campanha Novembro Laranja, pode ser definido como uma ilusão auditiva, ou seja, uma sensação sonora não relacionada com uma fonte externa de estimulação.
Na maioria dos casos, o zumbido é uma percepção auditiva percebida apenas pelo paciente, característica que dificulta a investigação do problema.
Pode parecer um chiado, apito, cigarra, cachoeira, panela de pressão ou, mais raramente, o barulho do coração batendo no ouvido ou alguns cliques ou estalos. Alguns ouvem o zumbido somente no silêncio ou quando prestam atenção em seus ouvidos; outros o ouvem o dia todo.
O zumbido é um sintoma – e não uma doença específica – o que significa que ele pode ter uma ou várias causas, como acontece com a febre ou com a dor de cabeça. Pode aparecer em qualquer idade, inclusive nas crianças, mas é mais frequente na terceira idade. Ocorre em cerca de 25 a 28 milhões de indivíduos no Brasil.
Excesso de cera, infecções e lesões do ouvido são causas possíveis do problema. No entanto, muitos outros fatores que aparentemente não têm nada a ver com o sistema auditivo podem dar origem a esse sintoma. Desvios de coluna, alterações cardiovasculares, diabetes, disfunções da articulação da mandíbula e consumo excessivo de cafeína, álcool e tabaco são alguns deles.
A impressão de que o zumbido atinge mais os idosos é falsa, mas tem uma explicação: cerca de 90% dos casos têm como causa principal a perda auditiva. Como esse problema atinge mais a terceira idade, há mais ocorrências de zumbido nessa faixa etária. O som incômodo, entretanto, pode aparecer em qualquer idade, em pessoas com audição normal ou não. Há, porém, relação com o gênero: ainda sem explicação, o problema acomete mais o sexo feminino.
Tratamento:
A forte ligação entre zumbido e perda auditiva facilita bastante o tratamento. Nesses casos, para a maioria dos pacientes, o uso de aparelho amplificador é suficiente para acabar com os dois problemas.
Quando o problema não decorre de perda auditiva, tenta-se identificar a causa. Essa é uma das partes mais difíceis do tratamento, já que, tirando o zumbido, o problema original pode ser totalmente assintomático.
Quando se torna inviável investigar todo o organismo em busca da causa do zumbido, a orientação é identificar os “gatilhos”, elementos que disparam ou pioram o desconforto. Álcool, sal, doces, chocolate, cafeína e nicotina são gatilhos comuns, mas nem sempre existe um elemento disparador.
Quando nenhum gatilho é localizado, alguns medicamentos podem funcionar. Sua prescrição e acompanhamento no uso devem ser feitos por um médico.
Henrique Leão Guedes é otorrinolaringologista e integra a equipe da Clínica Vida Diagnóstico e Saúde.
Fonte: Gazeta Digital